Envelheci, assim como o vinho. Não aquele vinho que se compra, aos montes... E sim como aquele vinho que fica num pequeno barril, esquecido propositalmente na adega. Aquele do qual recordamo–nos, esperamos a hora de sorvê-lo. Quando um sentimento forte assola-nos a alma. Envelheci como a filosofia envelhece. E diga-me se há algo mais fantástico que as visões dos velhos filósofos, as velhas idéias.Os velhos conceitos que persistem e insistem com sua velhice incoerente. Ah, minha alma envelhecida! Pudesse o espelho refletir minhas rugas e marcas com a mesma fidelidade com que refletiu a minhajuventude. Pudesse o bisturi consertar meu vincos e vínculos com a mesma fidelidade e destreza com que minhas palavras conservam a eloqüência! Talvez, sim, talvez... O espelho e o bisturi não alcancem minha pele, pois minha pele não pode ser tocada pelo instrumento vulgar da estética. Minha pele toca o lúdico, o efêmero, toca, sem ser tocada. E assim, é melhor que eu envelheça milênios, justificando minha indignação perante o não dito, pois envelhecida, assim como estou, maior e melhor torna a minha essência. E se caminho longe do visgo da juventude, minhas perguntas se inquietam, e me inquietam, rompendo a falsa viçosidade dos primeiros tempos. E meus pés tocam a areia e o chão com maior força, deixando meu rosto, meu rastro, minha fonte. Envelheci nas idéias e na alma. Pior seria se todo o tempo de “ edificações” e buscas, houvesse se perdido do meu objetivo. Encontrar a palavra que existe guardada nas rugas, vincos e charcos e vínculos dessa minha velhice dourada, cinquentenária, imaginada, serenada, de quem veio de um barril de orvalho. Envelheci, como envelhecem as árvores seculares , como as poesias milenares, como o sentido, enfim.
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Envelheci, assim como o vinho. Não aquele vinho que se compra, aos montes... E sim como aquele vinho que fica num pequeno barril, esquecido propositalmente na adega. Aquele do qual recordamo–nos, esperamos a hora de sorvê-lo. Quando um sentimento forte assola-nos a alma. Envelheci como a filosofia envelhece. E diga-me se há algo mais fantástico que as visões dos velhos filósofos, as velhas idéias.Os velhos conceitos que persistem e insistem com sua velhice incoerente. Ah, minha alma envelhecida! Pudesse o espelho refletir minhas rugas e marcas com a mesma fidelidade com que refletiu a minhajuventude. Pudesse o bisturi consertar meu vincos e vínculos com a mesma fidelidade e destreza com que minhas palavras conservam a eloqüência! Talvez, sim, talvez... O espelho e o bisturi não alcancem minha pele, pois minha pele não pode ser tocada pelo instrumento vulgar da estética. Minha pele toca o lúdico, o efêmero, toca, sem ser tocada. E assim, é melhor que eu envelheça milênios, justificando minha indignação perante o não dito, pois envelhecida, assim como estou, maior e melhor torna a minha essência. E se caminho longe do visgo da juventude, minhas perguntas se inquietam, e me inquietam, rompendo a falsa viçosidade dos primeiros tempos. E meus pés tocam a areia e o chão com maior força, deixando meu rosto, meu rastro, minha fonte. Envelheci nas idéias e na alma. Pior seria se todo o tempo de “ edificações” e buscas, houvesse se perdido do meu objetivo. Encontrar a palavra que existe guardada nas rugas, vincos e charcos e vínculos dessa minha velhice dourada, cinquentenária, imaginada, serenada, de quem veio de um barril de orvalho.
Envelheci, como envelhecem as árvores seculares , como as poesias milenares, como o sentido, enfim.
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